O Movimento
Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um projeto do governo brasileiro,
criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967, e propunha a
alfabetização funcional de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa
humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de
integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições de vida".
Criado e mantido pelo regime militar, durante anos, jovens e adultos
freqüentaram as aulas do MOBRAL, sem no entanto atingir um nível aceitável
de alfabetização ou letramento. A recessão econômica iniciada nos anos
oitenta inviabilizou a continuidade do MOBRAL, que demandava altos
recursos para se manter. Seus Programas foram assim incorporados pela
Fundação Educar. A estrutura do MOBRAL seguia o modelo característico das
repartições públicas brasileiras, com uma estrutura administrativa
descentralizada e subdividida em quatro níveis: a secretaria executiva
(SEXEC), as coordenações regionais (COREG), as coordenações estaduais
(COEST), as comissões municipais (COMUN). A estrutura organizacional
dividia-se em gerências pedagógicas (GEPED): gerência de mobilização
comunitária (GEMOB), gerência financeira (GERAF), gerência das atividades
de apoio (GERAP), gerência em assessoria de organização e métodos (ASSOM),
gerência em assessoria de supervisão e planejamento (ASSUP). Essa
estrutura sofreu três alterações no período compreendido entre 1970 e
1978. A manutenção desta estrutura tinha um custo muito alto. No ano de
1977 a sua receita foi de Cr$ 853.320.142,00 para atender a 342.877 mil
pessoas, o que revela um custo per capita de Cr$ 2.488,00. Para financiar
esta super estrutura o MOBRAL contava com recursos da União, do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2% do Imposto de Renda e ainda um
percentual da Loteria Esportiva.
Metodologia de
Ensino
A metodologia
utilizada pelo Programa de Alfabetização Funcional baseava-se em seis
objetivos: desenvolver nos alunos as habilidades de leitura, escrita e
contagem; desenvolver um vocabulário que permita o enriquecimento de seus
alunos; desenvolver o raciocínio, visando facilitar a resolução de seus
problemas e os de sua comunidade; formar hábitos e atitudes positivas, em
relação ao trabalho; desenvolver a criatividade, a fim de melhorar as
condições de vida, aproveitando os recursos disponíveis; levar os alunos:
a conhecerem seus direitos e deveres e as melhores formas de participação
comunitária; a se empenharem na conservação da saúde e melhoria das
condições de higiene pessoal, familiar e da comunidade; a se certificarem
da responsabilidade de cada um, na manutenção e melhoria dos serviços
públicos de sua comunidade e na conservação dos bens e instituições; a
participarem do desenvolvimento da comunidade, tendo em vista o bem-estar
das pessoas. Os técnicos do MOBRAL defendiam que o método utilizado
baseava-se no aproveitamento das experiências significativas dos alunos.
Desta forma, embora divergisse ideologicamente do método de Paulo Freire
utilizava-se, semelhantemente a este, de palavras geradoras e de uma série
de procedimentos para o processo de alfabetização: apresentação e
exploração do cartaz gerador; estudo da palavra geradora, depreendida do
cartaz; decomposição silábica da palavra geradora; estudo das famílias
silábicas, com base nas palavras geradoras; formação e estudos de palavras
novas; formação e estudos de frases e textos. A principal e essencial
diferença na utilização destes procedimentos em relação ao método Paulo
Freire, era o fato de no Mobral haver uma uniformização do material
utilizado em todo o território nacional, não traduzindo assim a linguagem
e as necessidades do povo de cada região, principal característica da
metodologia freiriana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário